A dinâmica que compõe o filme “(500) Dias com ela” é uma tortura maçante, frustrante e muito infeliz. Ao menos para mim, é impossível encarar aquilo ali sem pensar inúmeras atrocidades não só sobre Tom, burro e excessivamente romântico, como também para Summer, subconscientemente ardilosa e má. Não existe vítima ali, é fato, mas são circunstâncias terríveis, uma péssima sequência de situações e diálogos desgostosos.
Analisando superficialmente, é possível considerar Tom culpado pelas próprias ações e esperanças. Ele estava ciente o tempo inteiro sobre o que estava se metendo, então o desastre era previsível. Porém, imaturo e com aparente ausência de repertório, ele se deixou levar por migalhas afetivas e extremamente impulsivas de Summer, a fatídica “mulher confusa”, e acabou enfiado em um relacionamento cuja dinâmica era completamente nociva para ele, mas a garantia por perto. Deu no que deu.
Embora não seja a melhor pessoa do mundo, e seja praticamente um pirralho que não sabe se responsabilizar sobre o próprio nariz e bem-estar, Tom fez o possível para perseguir aquilo que queria: ficar com Summer. Não foi difícil, e o filme retrata bem a rapidez dos eventos. Contudo, enquanto ainda a conhecia, foram dados vários sinais de que o relacionamento não daria certo, e essa era a chance ideal de ir embora. Já enfiado naquilo, ele tentou puxar conversas difíceis, só para ser desconversado e distraído por alguma outra coisa. Até o momento na briga no bar, em que enfim confrontou a situação e decidiu ir embora — felizmente e finalmente.
Porém, não. Summer não quer terminar em maus termos. Como a última romântica, ela correu atrás, enfrentou chuva, e apareceu na porta dele para pedir perdão e reconciliar. Para quê? Questiono. Obviamente, ela não queria aquilo ali.
Essa única migalha, essa manifestação de afeto maior, deixou Tom de joelhos — de novo. Ele não tinha chance.
Então quer dizer que repensou, né? Quer dizer que refletiu sobre o que aconteceu, que percebeu os próprios erros e que tá fazendo melhor agora? Tenha dó e se enxerga. Nada mudou de lá para cá; mas o alvo é outro. Felizmente, saí de cena, e por algum motivo continua nos meus arredores esperando algum sinal, algum indício, ou algum apelo.
Agora, reina o silêncio. Não estou falando com ninguém e nunca estive tão rígido emocionalmente. Nada me toca, nada me abala. Esse efeito colateral da solidão é terrível.
De toda forma, persisto. Não há muito o que fazer além disso, né? É esperar, e esperar, e esperar, e esperar… Porém, nada chega, nada acontece. O processo é extremamente complexo e, como podemos ver, esta terça-feira (18) não é o melhor dos dias. Tudo bem, porém. Isso vai passar, assim com os outros momentos já passaram.
Foi esse o silêncio que eu pedi? Foi por isso que eu lutei por tantos anos?
Nunca mais serei o mesmo, e isso me machuca muito. Há saudade do que fui. Esse, porém, nunca mais volta. Acho que está chateado comigo.
Beijo para todos :)